sexta-feira, 6 de agosto de 2010

POR CAUSA DA FLIP 1

Pois Suposto, querido, voltei.
E tanto tempo sem aparecer aqui vai ser compensado com uma enxurrada.
É que ando por Parati, na FLIP, e combinei de mandar pra revista Aplauso alguns textos sobre o que vejo por aqui. Entonces, dá pra ler lá na Aplauso, ou aqui embaixo mesmo. Aparece aí, Suposto, porque eu vou vir aqui todos os dias.

Ah, e o primeiro texto tá aqui embaixo:

O SISTEMA DE TELETRANSPORTE DA FLIP

Dá pra falar muita coisa de um primeiro dia de FLIP. Dia em que assisti quatro mesas, cruzei com o Moacyr Scliar, André Laurentino, Cardoso, mas tem uma coisa que não me sai da cabeça, que me põe confuso já há um tempo, desde a primeira vez em que vim pra Festa, em 2006. Falo do misterioso sistema de teletransporte daqui de Parati.

Calma, posso explicar.

Ainda não entendi como é que se faz pra ter acesso a esse serviço, nem ninguém me confirmou que ele exista. Mas só pode existir. Vou dar um exemplo que com exemplo a gente entende melhor.

Seguinte, depois de cada mesa da FLIP, os autores têm uma sessão de autógrafos, sentam-se atrás de uma mesa, caneteiam e são fotografados pelos fãs. Pois, depois da mesa da Isabel Allende, não foi diferente: após uma hora e tanto de causos, Antonios Bandeiras, Allendes, plásticas e outros assuntos, a Isabel disse Gracias pra plateia, o pessoal aplaudiu, eu levantei e comecei a sair. E no que saí da tenda, me deparei com uma fila de mais ou menos cem, cento e cinquenta pessoas já esperando pelo autógrafo. Repito: a mesa encerrou, eu levantei e já tinha umas 200 pessoas - no tempo de uma frase, a fila cresce muito por aqui. Nem cinco minutos.

Tchê, aí é que me pergunto: como, de onde, quando essa pessoas todas surgiram? Surgem?

Porque esse fenômeno da geração expontânea de fila não é exclusividade da escritora chilena não. Já vi o mesmo e até mais acontecer pro Chico Buarque, Lobo Antunes, Coetzee, Amóz Oz, Ferreira Gullar e outros. É um troço que acontece num já, que, juro, se o Usain Bolt disparasse no momento do agradecimento, ele ia pegar o trigésimo, o quadragésimo lugar da fila.

E aí fico pensando: como é que faz pra ser o primeirão?

Era do que eu vinha falando, esse sistema de teletransporte da FLIP. Ainda não sei se são só os VIPs que têm. Ou se são cobaias humanas de um projeto científico. Ou as duas coisas. Mas dou por certo que uma turma recebe ingressos com um moderníssimo chip teletransportador que ao menor ruído de Gracias ou Thanks, teletransporta o sujeito pra fila de autógrafos. Assim, vup, imediato, de um lugar ao outro sem perder um segundo.

Só pode ser assim.

Porque se não for, seria uma sacanagem com os grandes fãs da Isabel Allende, do Chico, do Paul Auster. Seria sim, já que sem o teletransporte, só teria um jeito de estar lá no primeiro lugar da fila: sair antes da mesa acabar. Pô, e é tão difícil conseguir ingresso pra FLIP (nesse ano, acabaram em duas horas), está cada vez mais caro, seria até triste essa turma ter que levantar antes, perder o que seus autores favoritos têm a dizer, pra ter que correr pra pegar um autógrafo. Não é?

Que bom que tem o teletransporte, então.

P.S: As fotos mostram um pouco da fila de autógrafos da Isabel Allende. Todas essas pessoas já estavam na fila, quando eu saí da mesa.

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A comentar:
1 - Acho que a grande mesa do primeiro dia foi Fábulas Contemporâneas, que reuniu os brasileiros Ronaldo Correia de Brito, Beatriz Bracher e Reinaldo Moraes. Bate-papo solto, mas falando de literatura, discutindo processos, formas e estilos de cada um. Coisa boa de ver ouvir. Pena que tenha sido também a mesa com menos público das quatro que assisti.

2 - Humberto Werneck é o melhor mediador que já vi em FLIPs. Ele mediou uma mesa histórica do Lobo Antunes no ano passado e neste ano comadou a participação da Isabel Allende. Grande. E detalhe: mediadores podem ser a diferença entre assistir declarações no melhor estilo Caras - acontece muito por aqui - ou ver escritores discutindo literatura pra valer.

Um comentário:

Rafael Mendes disse...

Demais o blog, ando encontrando coisas divertidas por aí. Te achei no "Apesar do Céu". E sobre o teletransporte, provávelmente eles são híbridos de reptilian... bem, dexa pra lá. Agora, quero ser um pouco atrevido e oferecido. Lê meu blog se tiveres tempo, e vontade, e interesse: http://poesiatrasdaporta.blogspot.com/

Abrçs, tens mais um leitor!