terça-feira, 20 de janeiro de 2009

Por Causa do Bom Senso

Fui agora há pouco fazer a renovação da minha carteira de motorista e voltei de lá achando o Brasil tão Estados Unidos ou o contrário e vice-versa. É que te aplicam um questionário antes de fazer o exame médico. E no bater os olhos naquelas perguntas, tive um flashback (em inglês, em homenagem aos EUA) da vez em que estive lá na terra do Barack Obama. Eu tinha 15 anos, mas já era bem cri-cri com a bobagem alheia. E a terra da liberdade me deu uma de boas-vindas. Na hora de passar na alfândega, eu, meu pai e toda cucarachada tivemos que responder um questionário que perguntava se eu tinha alguma arma ou bomba comigo. Se a minha visita aos Estados Unidos da América era pra turismo, trabalho ou pra matar alguém ou pra algum fim terrorista. Coisas assim.

Pois é, e o questionário da renovação da carteira?

Eu leio ele e encontro questões como “Já precisou de tratamento psiquiátrico?”, “Usa drogas ilícitas?” e por aí adiante.

Aí quem pergunta não é a Casa Branca, nem Centro de Formação de Condutores. Sou eu mesmo: será que algum sujeito já disse Yes pra pergunta Você veio praticar algum ato terrorista? Ou Sim pra Você usa drogas ilícitas?

Cada um com a sua guerra, eles contra terrorismo, nós em guerra no trânsito, mas os dois tão parecidos, acreditando num método que, Suposto, ou algum psicólogo/pesquisador que por aqui passar, me desminta por favor, mas um método que parece completamente falível, sem a menor probabilidade de ter algum sucesso.

Fico pensando, se isso são testes de bom senso. Assim, o terrorista tem uma crise de sinceridade, põe a verdade acima do seu deus e da sua missão e diz lá pro FBI
— Cara, pois é, vim aqui pra arrebentar com a Estátua da Liberdade num atentado que vai matar mais gente que o 11 de setembro.
E daí o tira diz pra ele:
— Mister, sorry, mas o senhor vai ter que voltar pro seu país de origem.
— Por quê? Porque sou terrorista?
— No... porque a América deseja somente pessoas de bom senso em suas terras e, convenhamos, planejar um atentado e admitir, assim no mais, my friend, beira a estupidez.

Ou, o doutor analisando o questionário do cara que quer tirar a carteira:
— Aqui o senhor diz que consome drogas ilícitas...
— Pois é, mas só de vez em quando...
— É, o senhor não está apto a dirigir...
— Mas é só um baseadinho de vez em quando...
— Não, não é isso, é que, vamos combinar, um cara burro capaz de admitir frente a lei que consome drogas ilícitas não deve entender uma lei de trânsito. Desculpe.

E aí, Suposto, será que é essa a metodologia? Olha, assim como todo mundo faz na alfândega americana e no questionário da carteira de motorista:

( ) Sim.
(x) Não.