sexta-feira, 17 de abril de 2009

Por Causa da Festa Literária de Porto Alegre

Como diria o paulista, então: tenho um convite pra ti, Suposto. Quarta que vem, 22 de Abril, começa a 2ª edição da Festa Literária de Porto Alegre, organizada pelo Fernando Ramos, do Vaia. E eu vou participar da abertura da festa. Anota aí:

Quarta, 22/04 às 17h30
MESA DE ABERTURA DA FESTA
Fabrício Carpinejar, Leonardo Marona e Reginaldo Pujol Filho encontram o escritor homenageado da FestiPoa, Luis Fernando Verissimo, para uma conversa sobre poesia, humor e crônica.

Quarta, 22/04 às 19h
SESSÃO DE AUTÓGRAFOS DO LIVRO O MELHOR DA FESTA
É o lançamento da antologia que reúne os participantes da primeira edição da FestiPoa como Luis Antonio de Assis Brasil, Fabrício Carpinejar, Luis Augusto Fischer, Ricardo Silvestrin e outros. E tem um conto meu nesse livro. Ou seja, autografarei também.
Custará 20 pilas.

Tudo isso vai rolar na Livraria Letras & Cia, na Osvaldo Aranha, 444.

Aparece lá.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Por Causa do Dog

Essa é daquelas que me fazem achar que eu moro na Globo. Não, não vi o Lima Duarte almoçando do meu lado, nem a Cássia Kiss pegou o ônibus comigo.

Tô falando é da última Veja Melhor de Porto Alegre, que saiu com gostinho de final de novela.

Peraí, deixa eu explicar que tá ficando tudo enrolado.

Foi assim:

Inspirado por um comercial na TV Ulbra, escrevi há meses sobre o Cachorro do R, outrora do Rosário, lembram? Quer dizer, lembra, Suposto. E elocubrei no final do texto o porquê de o cachorro do R ser do “do R” e não do Rosário, apesar de haver ainda um cachorro do Rosário. E minhas elocubrações passaram por uma trama novelística, que dizia assim:

Putz, Suposto, tu viu esse comercial? Tu já viu uma coisa dessas? Já tinha ouvido falar de advogado de porta de cadeia, mas será que foi um advogado de porta de lancheria que teve a idéia de registrar a marca e passar a perna no simpático tiozinho do bigode branco? Ou terá sido um racha na família Cachorro do Rosário? Digo assim, o herdeiro direto do seu José Cachorro do Rosário, o José Cachorro do Rosário Jr. (ou Salsichinha do Rosário pra turma da rua) naquele clichê de jovem empreendedor, cansado das manias romanticoartesanias do patriarca, teria passado a perna no velho pra modernizar a sua herança? Será? Quis expandir os negócio e porque o pai não queria, deu o golpe do registro de marca.

E pra minha surpresa – e do Suposto também – me aparece uns dias depois um simpático comentário:

Caro Reginaldo é com grande orgulho e extrema satisfação que venho através desta agradecer do fundo do meu coração o post que escreveste no teu blog sobre o Cachorro-quente do R (em frente ao colégio Rosário).
È graças a clientes fiéis e verdadeiros como você que meu lanche é vendido há mais de 40 anos no mesmo lugar sem tele-entrega nem filiais.
Não tenho palavras para expressar o quão emocionado fiquei quando li o seu comentário e senti que realmente entendeu a mensagem que quis passar a todos os que apreciam meu lanche, alguns até amigos de longa data, os que vi crescer ali junto ao longo desse 46 anos quando comecei apenas com uma humilde carrocinha, e que hoje continuam me acompanhando nesta jornada.
Agradeço pela confiança que depositasse na minha carrocinha aquela que se manteve firme e forte mesmo depois de várias mudanças de hábitos e fast-food porto-alegrense e saibas que lhe desejo sorte em sua jornada, que Deus lhe ilumine e lhe conceda sucesso assim como concedeu a mim.
Atenciosamente
Osmar Ferreira Labres


Primeiro pensei Não, o Suposto tá de galhofa comigo, tirando de Suposto Brincalhão. Mas eis que comentei o ocorrido com pessoas aqui e ali, até que começaram a surgir boatos de que É isso mesmo, cara, deve ser o dono do Cachorro do R, parece que a história dele é bem assim como tu escreveu, etecétera, etecétera e etecétera.

Camarada, fiquei estupefato (legal se dizer estupefato), mas fiquei assim mesmo com o fato de eu ter imaginado a história como ela é e, mais ainda, com a prova de que essas coisas rocamboliconovelescas acontecem sim, ali, na esquina do Colégio do Rosário. Que coisa, não? A arte e o Por Causa dos Elefantes imitando a vida?

Mas, além de estupefato, também tive uma tristezita. A trama da novela tava acontecendo sim, na vida real. Mas e o final feliz, cadê o final feliz, hein? O Seu Cachorro do R teve a marca roubada pelo filho, tinha que fazer comercial ressaltando que não tinha telentrega, mas nada daquele final redentor pro nobre personagem.

Queria falar com o Manoel Carlos, com o Aguinaldo Silva, a Gloria Perez, com quem estivesse escrevendo esse folhetim pra saber como é que o núcleo do cachorro-quente ia se dar bem nessa história.

Aí, sete meses depois, tou eu, abrindo a Veja Melhor de Porto Alegre, olhando quem ganhou o quê e com quem que eu me deparo na categoria cachorro-quente?

Ele: Cachorro-quente do R.

E veja o que diz a Veja:

A mesma carrocinha campeã em 1998, 2000, 2001, 2004, 2005 e 2006 foi escolhida pelo júri deste ano. Mas o nome de quem faz o melhor cachorro-quente de 2009 mudou de Cachorro-quente do Rosário para Cachorro-quente do R. Uma tradição desde 1962, sob o comando de Osmar Ferreira Labres, o lanche continua igual: é no mesmo lugar, saboroso como antes, com 700 unidades montadas por dia e treze empregados se desdobrando no atendimento. Localizado em frente ao Colégio Rosário, tem as enormes filas de sempre, ao meio-dia e no final da tarde. Os fregueses podem escolher o sanduíche com uma ou duas salsichas (R$ 4,50) ou com linguiça (R$ 5,70), e variados complementos: molho de tomate, ervilha, queijo ralado, pimenta, mostarda, maionese, óleo de oliva e salsa. Outra opção é a versão míni, servida no pão de 50 gramas (R$ 3,20). A mudança de nome ocorreu por uma disputa familiar: as filiais e a tele-entrega do Cachorro-quente do Rosário pertencem ao filho de Osmar. Eles não se falam mais, pois o sucessor teria registrado a marca e aberto outros estabelecimentos, a revelia. Por isso, o original, na frente do Colégio Rosário, perdeu o nome. Mas ganhou outro título.

Tcharam, sobe trilha, enxuga as lágrimas, bate palma e comemora. Chegou o final feliz, a justiça foi feita e acho que o Seu Cachorro do Rosário Jr deve estar embarcando num jatinho, fugindo para longe, pra sumir como um bom vilão, que um dia pode voltar.

Agora ando de olho pra ver se não tem nenhum amigo meu pra casar.
Que não existe final de novela sem essa cena.

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Por Causa Dos Bicho Estranho

Se o seu médico disser que você provavelmente está com uma virose, leia a legenda:
Eu acredito em Deus, no inexplicável, mas não vou dar o braço a torcer, meu chapa.
É isso aí, dizem que Deus se manifesta nos detalhes, mas eu acho que ele também anda dando o seu recado na virose. Porque já reparou? Febre + dor no corpo = virose. Aquele descontrole do sifíncter + enjôo = virose. Daqui a pouco a gente chega com dor no joelho no consultório e vai ser virose. Ah, sim, o Suposto Leitor vai me dizer que não, que obviamente o joelho pode ser investigado com raio x, tomografia e outros meios para se encontrar a causa da dor, ao contrário de sintomas subjetivos como dor pelo corpo.

Mas, Suposto, é aí que eu quero chegar. Se o doutor furunçar por todo teu joelho, teu histórico médico, teu passado, teu presente e teu futuro e não achar a explicação para o problema no joelho, ele vai tascar Olha, seu Suposto, acredito que é uma virose, sabe, tem dado muito disso, viu?

Virose é o ferrolho.

É que nem criança quando fica sem razão numa discussão: xinga a mãe do amigo. Pronto, cabou-se a discussão.

Porque, me diz aí, Suposto: qual é o remédio pra virose? Aspirina? Canja? Cama? Repouso. dizendo, é o mesmo que me mandar rezar. Em vez de dizer Veja bem, essa virose dura uma semana, repouse sete dias, que estará novinho em folha, poderiam dizer Meu filho, Deus escreve certo por linhas tortas, faça um retiro de sete dias, rezando todas as manhãs, que logo ele olhará por você. Me diz, alguém aí não se curaria?

E daí eu fico pensando: e cadê a inquietação do ser humano e da ciência frente ao desconhecido? Ficam inventando celular que bate foto, manda e-mail, toca música, faz filme, anda de bicicleta sem as mãos e dá tchauzinho pra quê, hein? Horas, dias criando o Twitter, essa revolução, a troco de quê? Anos pra desenvolver o blue-ray por que motivo? Pra gente ter o que fazer, quando ficar em casa esperando a virose passar?

Não, ?

Acho humilhante pra ciência ficar se gabando de todos os avanços tecnológicos, de ter dominado o planeta, mas ter que correr pro ferrolho da virose por causa dum cocô mole. Inventamos a internet, mas não explicamos o milenar cocô mole? Será que não era de todas as cabeças brilhantes dessa planeta investigarem a cura da virose ou da gripe? Botar o cérebro pra trabalhar em uma descoberta ou invenção, mesmo sabendo que essa não tem a menor chance de o Google ou o Bill Gates quererem comprar?

Ou será que é melhor não se mexer mesmo nesses insondáveis mistérios do universo? Vai que Ele se irrita e resolve mostrar sua existência não mais em detalhes ou viroses, mas mandando um dilúvio ou tirando o Orkut do ar definitivamente. Deusulivre!