terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Por Causa da Gol: Linhas Aéreas Inteligentes pra Chuchu

Como diria um letrado primo meu da fronteira, Chê-loco (aliás, sugestão de nome pra uma churrascaria com influências francesas, ou um bistrô com espeto corrido: Chez loco, mas estou me desviando do assunto. Vamos sair desses parênteses), pois, Chê-loco, tem umas coisa que não me sai da cabeça, voltimeia penso nela. São umas questões da Gol, linhas aéreas (pra lá de) inteligentes. Deixa eu me explicar, começando quase do começo.

É que, por questões burocráticas pra obtenção de visto pra Portugal – que eu levaria 90 dias, três vias e dezessete assinaturas autenticadas pra explicar –, quando vim pra cá pra terrinha, em vez de comprar uma passagem de volta pra uma data depois do final do meu curso, eu era obrigado a comprar um ticket com data de retorno pra, no máximo, 120 dias da expedição. Uai, diria um amigo meu americano que morou em Minas. E eu morro de vontade de explicar, mas não sei até agora fazer isso. Bom, fato é que, dadas as regras, o negócio foi catar as passagens mais baratas possíveis, uma vez que, chegando cá, depois de me darem um cartãozinho de residência, eu poderia e teria (se não quisesse largar o curso) que remarcar o retorno, marchando umas taxinhas de alteração no bilhete. Então, mergulhei nas entranhas dos sites de passagem, e tirei lá do fundo uma supercombinação que incluía um trecho POA/SP e SP/POA, hiperpromocional, tipo dá-me-dos, oferecimento da gloriosa Gol, linhas aéreas inteligentes é pouco, rapá, os caras manjam muito.

Pois então, agora em janeiro, todo legalizado por aqui, tinha esta missão: remarcar tudo, antes que vencessem as datas. O trecho Lisboa/SP, tudo certinho, a facada prevista de taxa, já tava anestesiado, belezinha. Aí veio o contato com a nossa Gol, linhas aéreas inteligentes e estudiosas do assunto. E foi aí – e sempre que lembro disso – que eu pensei: quando eu crescer, quero ser dono duma Gol. Ou mais: não dá pra entender como é que, vira e mexe, quebra companhia aérea nesse mundo. Não, Suposto, não estudei administração, não sei o preço do combustível, nem como a crise europeia afeta a aviação. Sim, Suposto, sou leviano. Mas não seja chato, cara. Lê e vê se não faz sentido: eu já imaginava que, pelos parcos pilas desembolsados na passagem, ela deveria se classe z (minúsculo), sem nenhum direito, a não ser o de permanecer calado – vai ver foi por isso que me comuniquei por chat com a Gol, linhas aéreas inteligentes pra cacete, viu? Mas, consciente da minha presumível condição de indigente aéreo, contatei os caras e expliquei a situação. E eles, muito atenciosos, me disseram que, olha, de fato, senhor Reginaldo, o senhor não vai estar podendo transferir sua passagem porque o senhor esteve economizando. Justo. O barato que sai caro, coisa e tal. Daí eu perguntei se tinha mais alguma coisa a fazer. E ele me disse que eu ia ter que estar me apresentando, então. Daí eu repeti: meu caro, nesse dia, estarei a um oceano de distância de São Paulo, sem chances, não embarco mesmo. Feito? Beleza? Façamos assim: não quero mais a passagem, não quero nem meu dinheiro de volta, nem nada, tá? Preparava pra me despedir, quando surgiu A informação: ok, senhor Reginaldo, mas a sua tarifa não prevê cancelamento. Donde eu perguntei “E...?”. Então, o senhor vai ter que estar realizando o No Show (lógico, voo da Gol, linhas aéreas espertas, é sempre no show, no space, no nada), mas, retomando, eu teria que estar fazendo No Show e arcando com a MULTA do No Show. Opa-la-lá. Cumé que é, meu irmão? É isso mesmo, Suposto. Mesmo que o valor seja ridículo, acontece o seguinte em alguns casos da Gol, linhas aéreas inteligentes o caramba, eles são ge-ni-ais: comprou a passagem, paga, como manda o capitalismo. Voou, beleza. Não voou, paga mais um tantinho pra deixar de ser bobalhão. Por quê? : regras da casa. As letrinhas pequenas que a gente sempre diz que leu pra avançar no site.

Mas é por isso que eu pergunto, seu Suposto, como é que quebra uma empresa de aviação se dá pra inventar um inteligentíssimo recurso como esse? É como se eu fosse no espeto corrido, surge o Agenor com aquele espetão de cupim, eu digo pra ele Brigado, esse eu passo, mas chama ali o sujeito do coraçãozinho, e aí o Agenor, tranquilo, diz:
‒ Sim, senhor, cinco real.

O quê? É a Taxa de No Eat. Ou: comprei um carro à vista, fui atropelado indo buscar o dito e, infelizmente, fui pro beleleu antes de sentir o eau de carro novo. Aí minha família, na hora do testamento, descobre que eu deixei uma dívida na Wesley Car’s. Referente à Multa de No Drive. Confesso que acho a coisa mais esquisita do mundo. Tinha a certeza de que o que eu estava fazendo era semelhante a, por exemplo, comprar duas blusas, usar uma e devolver a outra pra loja intcata, nova, sem tirar do plástico, e sem pedir um tostão de volta. Ou seja, lucrem de novo com o produto. Sim, a dona Gol, linhas aéreas inteligentes somos nozes, eles são prêmio Nobel, poderia revender o meu rico lugarzinho – fora da taxa promocional – e embolsar mais uns trocos. Aliás, poderia não, deve tê-lo feito faceira, faceira. Então por que, meu deus, por quê? E o pior é que eu imagino que, se um dia alguém de lá me explicar, ainda vai me deixar com peso na consciência, que isso afeta toda a distribuição prevista de peso nas aeronaves, a aerodinâmica, ventos do norte; quando um desalmado como eu dá uma de Tim Maia e faz No Show, há todo um trabalho de recálculo emergencial de compensação pra salvar vidas. Essas medidas de segurança imprescindíveis como levantar os assentos dois milímetros antes da aterrissagem. Portanto, no show, show me the money.

E no final eu fico agradecendo a deus por ser faminto e nunca, até hoje, ter negado uma daquelas medonhas barrinhas de cereal da Gol. Agora, tenho quase certeza de que a aeromoça abriria uma caixa registradora e me cobraria mais alguns tostões. Taxa de No Desfeita.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Por Causa do Rascunho e do Inédito

Espécie de atualização pro Suposto Leitor: seguinte, meu chapa, uma pequena novidade não aqui, mas aqui, no glorioso Jornal Rascunho. Esse que é O jornal literário brasileiro resolveu publicar um conto meu (inédito até então) na edição de fevereiro. Pois, então, gostaria de fazer um convite e dar uma dica.

O convite é, se não tem acesso ao jornal impresso, acessa ali em cima onde diz "aqui, no glorioso Jornal Rascunho" e dá uma lida no conto Essa sobra de mim (é curtinho).

E a dica é: assina o Rascunho. Vale a pena. Grandes entrevistas, resenhas, publicações e ainda um estímulo a esse trabalho quixotesco e sensacional com mais de 11 anos de história. E custa só 75 pilas pra receber 12 edições no conforto do lar, doce lar. Bem, é isso.