sexta-feira, 7 de maio de 2010

Por Causa da Berda na Molsa

Lembram da história do botão vermelho, da guerra fria, do ai meudeusdocéu se alguém deixa o copo de café sobre o botão vermelho e disparam os mísseis nucleares, lembram? Eu não lembro, nasci quando a guerra fria já amornava. Mas todo mundo sabe dessa paranóia, o mundo a mercê de um cotovelo descuidado, podendo virar pó porque um russo engraçadinho disse “pensa rapidoviski”, jogou uma bola pro amigo, o amigo tava distraidoviski e a bola bateu no botão e bumzovsky, todos desaparecemos.

Pois, Suposto Leitor, esses tempos estão de volta.

Não, não a guerra fria, meu chapa. Mas o medo do botão errado, na hora errada. Não viu as notícias da despencada das bolsas ontem? Se não viu, eu te conto, ou melhor, transcrevo o interessante trecho do botivo, digo, motivo, da queda:

(...) até que houve a queda brusca, de cinco minutos, na Bolsa de Nova York. (...) O mergulho poderia ter começado pelo erro de um corretor, aparentemente do Citigroup, que, em vez de teclar a letra “m” de milhão, apertou a “b” de bilhão. A ordem de venda onde aparece o suposto erro pode ter sido sobre ações da empresa Procter & Gamble, que recuaram imediatamente mais de 25%.

Tchê, deu pra entender isso? Hoje em dia a gente já sabe que vive que nem dominó por causa da globalização, das bolsas, da queda do muro de Merlim, digo, Berlim, etecétera e tal, que se derrubarem uma pecinha lá na Cracóvia a coisa vem caindo até aqui.

Mas o que eu não sabia é que a coisa é tão, tão, mas tão sutil. Um operador da molsa, digo, bolsa, em Xangai aperta uma letra errada e bum! Bolsas abaixo, cabelos em pé, todo mundo louco, crise mundial.

Não tem “control z” no mercado financeiro?

Não tem aquela telinha do windows perguntando “Are you sure?”

Só que o mais catastrófico disso talvez seja constatar essa manalização, ou melhor, banalização das cifras, do lidar com dinheiro. Do jeito que as informações chegam pra gente, a sensação que dá é a de que vivemos no meio de um monte de Doctor Evils, o vilão do Austin Powers, sabe? E não pela vilania, pelas ganas de conquistar o mundo, não. Mas porque imagino um monte de carecas na bolsa vendendo one million dólares... ops, one billion dólares! Vai dizer, é tanto dinheiro circulando assim, sem ninguém tocar, sem ninguém contar, sem ninguém ver, sem faltar no final do mês, voando pra lá e pra cá, é tão não real e banal que nas matérias, nos investimentos nas conversas e na bolsa, se troca do milhão pro bilhão num ops, num não era isso que eu queria dizer. E a coisa fica por aí mesmo. A distância entre um milhão e um bilhão, em vez de novecentos e noventa e nove milhões, pode ser a tecla o ene que separa o bê do m no teclado. Só isso.

Sugiro que a Apple, a IBM, a Microsoft criem um teclado exclusivo pra bolsas de valores com as teclas hundred, thousand, million, billion e, quem sabe, trillion. Acho que quem lançar esse produto vai faturar milhões. Ou bilhões.

terça-feira, 4 de maio de 2010

Por Causa da Mudança

Uma sensação que me bateu esses dias, que não chegou a virar um texto:

Arrumar os livros nas prateleiras da casa nova é lembrar da minha ignorância.