quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Por Causa da Palavraria, dos Livros, do Chope

Tem um texto novo meu lá no blog da gloriosa livraria Palavraria, Suposto. É um texto baseado em profundas investigações estatísticas e comportamentais. Ele começa assim:

Livro é caro no Brasil.

Peraí, guenta um pouquinho. Se acha que esse lugar comum aí em cima é o indício de um texto todo ele lugar comum, de novo reclamando do preço do livro, de novo dizendo que assim não dá, segura só mais um pouquinho, deixa eu terminar esse primeiro raciocínio. Assim ó: Livro é caro no Brasil, vírgula, tô começando a achar que isso é um mito.

Olha, talvez dê pra dizer, vá lá, que livro custe muito em língua portuguesa(...)

Se quiser continuar lendo, clica aqui e vai lá pra Palavraria.

quinta-feira, 20 de outubro de 2011

Por Causa do Metrô

Como diria um amigo meu paulista, então: sexta da semana passada tava na Zero Hora, com direito a diagramação especial, fonte diferente e tudo, toda a empolgação com o anúncio do metrô, ucho, ucho, ucho, o metrô é gaúcho, é isso aí.

Pues na hora eu senti aquele cheirinho de Habibs. Ou seria de McDonalds. Pizza Hut?

Não, Suposto, eu não tava lendo a ZH numa praça de alimentação.

Falo é do efeito Habibs (ou McDonalds, ou Pizza Hut). Uma coisa assim por-do-sol do Guaíba, tem que ser de Porto Alegre pra saber o que é.

O quê, Suposto, tu é de Porto Alegre e não sabe do que se trata? Capaz?

Explicar-te-ei.

Tava lá no jornal aquela cronologia do sonho, mil oitocentos e guaraná de rolha, Londres, primeiro metrô do mundo; mil novecentos e preto e branco, Buenos Aires, primeiro metrô da América do Sul; mil novecentos e tevê a cores (mas de tubo), São Paulo, primeiro metrô do Brasil; e, tchararam, dois mil e dezessete, dois mil e futuro, o quê, o quê, ele, o metrô gaúcho.

É isso, essa sensação de Porto Alegre desembarcando no aeroporto do mundo, sendo recebida com Welcome, miss Porto Alegre, essa vibração, é disso que eu estou falando e sei bem direitinho no que vai dar. Lembram quando inaugurou o primeiro McDonalds gaúcho? Ou a primeira Pizza Hut, o Habibs? Eu lembro, e lembro também de fila. Podiam convidar o sujeito pra ir jantar no Il Gattopardo com tudo pago, que o vivente dizia que não, eu quero ir esperar vinte minutos numa fila pra comer dois hambúrgers-alface-queijo-molhoespecial-cebola-e-picles-num-pão-com-gergelim. Melhor: te dou passagem pra ir jantar hoje em Paris. Ná! Sem graça, eu quero pegar meu Audi A3 e curtir um engarrafamento pra pegar umas esfihas e uma Kaiser no Habibs. É sério, tinha engarrafamento ao redor da loja em Porto Alegre nos meses seguintes à inauguração do fastfood árabe.

Temos essa característica, fazer o quê? Não sei se é gratidão, ou a pra lá de famosa hospitalidade gaúcha, mas esses troços que são populares, do povo, no mundo todo chegam aqui e viram o má-xi-mo.

Vai ser diferente com o metrô?

Já tô até imaginando. Tudo vai começar com o primeiro trajeto do revolucionário meio de transporte. Um passeio inaugural, com o presidente de 2017 (Dilma? Lula? Sarney? Collor? Tiririca?) acompanhado do governador, prefeito, autoridades. Jornal do Almoço transmitido ao vivo de um vagão, depois começa o Sala de Redação lá dentro, uma festa só.

E no dia seguinte? Essa revolução que veio para desafogar o trânsito, tirar veículos das ruas, agilizar a vida dos portoalegrenses, vai mostrar a que veio. No dia da abertura ao público, o primeiro impacto do metrô em nossas vidas vai ser sentido: engarrafamento de 17 quilômetros ao redor da estação. Filas cuspindo gente. Faltam passagens nas bilheterias. Um sucesso. Ninguém quer perder esse momento. Melhor só se tivesse um drive-thru do Habibs pra pegar umas esfihas e comer no metrô. Ir pro trabalho? Que nada. Todo mundo de chapinha, camisa Lacoste e o melhor sorriso como se estivesse de férias em Londres, curtindo as maravilhas de passear de metrô. Mas com um plus a mais: correndo o risco de aparecer na Fernanda Zaffari, no Lerina e, se bobear, no Kazuka. Vai ser uma festa.

Vejo pessoas trocando seu apês no Moinhos de Vento por um JK na Assis Brasil (e botando mais alguns mil reais pra conseguir fechar o negócio) pra curtir o glamour de morar perto da estação do metrô. Vejo mais: Padre Chagas? Cidade Baixa? Que nada, camarada, todo mundo fazendo happyhour no Xis Plutão. Ou num trailler de cachorro quente (quer dizer, hotdog), num New York style, bem na saída da estação Cairu.

Em 2017 vai ser assim. Me cobrem, lá num vagão do metrô gaúcho, onde eu vou estar tirando uma foto pra botar no facebook enquanto ouço um trabalhador reclamar do trem sempre lotado pro trabalho.

segunda-feira, 10 de outubro de 2011

Por Causa do Enviado do Seu iPhone

Acabou de chegar aqui mais um e-mail enviado de um iPad. Agora há pouco, outro me avisava que “este e-mail foi enviado com o meu Blackberry”, e atenção, “da Vivo”. Opa, Blackberry e da Vivo. Que interessante.

Olha, já faz um tempo que essas assinaturas me encucam (encucam é uma palavra que deve encucar quem lê), mas, bem, já faz um tempo que a vital informação de que eu recebi um e-mail enviado do iPhone de alguém em faz perguntar: e daí, por que, quem se importa?

Vamos lá.

Primeiro é que várias vezes eu pensei assim: já imaginou se essa mania viesse do tempo da carta? Essa missiva foi redigida e enviada através da minha escrivaninha feita sob medida pelo arquiteto Alexandre Madeira; da minha caneta Bic; das folhas de papel Chamequinho; e, por fim, mas não menos importante, dos Correios. Ou então se as mesmas empresas que sempre vêm nos rodapés dos e-mails resolvessem também participar das ligações. Terminava a ligação, mas a gente só conseguiria desligar depois de ouvir “está ligação foi feita de um Samsung da Claro”.

Olha, acho na verdade que seria muito bacana se isso acontecesse, porque daí ia ser mais um jeito dos donos desses equipamentos ganharem descontos e bônus das empresas que utilizam esse espaço publicitário. Porque eu imagino que seja assim, , cada vez que tu me avisa que teu iPhone – e não tu – me enviou um e-mail, deve ganhar pontos pra um novo aparelho ou uma senha vip pra fila do lançamento do próximo i-Guma-coisa.

Se não for isso, qual o sentido de ter essa frasezita ao fim de cada mensagem? Claro, o Suposto Leitor vai comentar que muita gente nem deve reparar que manda e-mail com essa frase, o dia-a-dia é agitado, corrido, não dá tempo de se ligar nessas coisas.

Pois é, Suposto, mas não ter tempo de reparar nessa frase é complicado, significa que tu nem vê direito o que manda? Uma dica, então: hackers, que tal mexer nessas frases? No final do e-mail das pessoas começar a aparecer “Eu faço xixi na cama”, “Gosto de usar as calcinhas da minha mulher quando ela não tá” ou “Tudo o que você leu aí em cima é mentira, esqueça”? Que tal?

Mas os que reparam e os que não reparam nessa frase, e vocês, empresas que botam essa frase, o que importa se o e-mail foi mandado de um telefone ou de um computador? O que significa Este e-mail blábláblá...? Quer dizer que o enviante, consumidor da empresa X, pessoa moderna e atenta ao que há de mais avançado, típico cidadão multitarefa que não tem tempo a perder, não perdeu tempo e respondeu enquanto dirigia o e-mail que perguntava “Churras hoje”?

Ou quer dizer que o remetente, portador do aparelho tal, alguém sempre conectado com seus amigos, que não pode descuidar um só segundo das suas relações sociais, não descuidou do amigo e respondeu rsrsrsrsrsrsrsrs com toda agilidade que é preciso pra checar e-mails enquanto o filho conta como foi na escola?

Ou quer dizer assim: meu amigo, este e-mail foi enviado do meu celular, que tá aqui comigo, no meio dessa reunião, que tá um saco e eu não tava a fim de esperar ela terminar pra responder. Será isso?

Seja lá qual for a hipótese, sempre que receber essas mensagem, vou ficar preocupado com meus amigos. Ih, será que ele vai bater o carro? Ou traumatizar o filho? Ou perder o emprego? Ou bater o filho, perdendo o carro, traumatizando o emprego, porque na verdade ele deixou de fazer tudo isso só pra responder o meu e-mail?

Ixi, espero que, se tu estiver lendo isso no iPad, que seja, pelo menos, em casa.

Esse post foi enviado do meu Pentium IV.

sexta-feira, 7 de outubro de 2011

Por Causa do Bocejo do Suposto Leitor

Suposto, amigo velho.

Não te abandonei, rapaz. É só que, entre outras coisas, tantas coisas, até me mudar pra Portugal eu me mudei nos últimos tempos. Eu sei que tu vai perguntar, Tá, mas não tem internet aí? Tem, tem sim, mas as coisas não são tão simples assim. Só que o seguinte, voltei.

Com dois textos fora daqui.

O primeiro é uma colaboração que eu fiz pro jornal literário Suplemento Pernambuco. E como o hiperlink não deixa mentir, é só clicar ali no nome do jornal pra ler o texto.

O segundo é a partida que eu apitei no Gauchão de Literatura desse ano. Procurando o link pra clicar? Tá aqui.

Bem, dois textos, agora vou tirar o pó desse espaço e prometo que em uns dias coloco coisa nova aqui. Estou escrevendo nesse momento. Tenha fé.

Abraço, Suposto.