quarta-feira, 26 de outubro de 2011

Por Causa da Palavraria, dos Livros, do Chope

Tem um texto novo meu lá no blog da gloriosa livraria Palavraria, Suposto. É um texto baseado em profundas investigações estatísticas e comportamentais. Ele começa assim:

Livro é caro no Brasil.

Peraí, guenta um pouquinho. Se acha que esse lugar comum aí em cima é o indício de um texto todo ele lugar comum, de novo reclamando do preço do livro, de novo dizendo que assim não dá, segura só mais um pouquinho, deixa eu terminar esse primeiro raciocínio. Assim ó: Livro é caro no Brasil, vírgula, tô começando a achar que isso é um mito.

Olha, talvez dê pra dizer, vá lá, que livro custe muito em língua portuguesa(...)

Se quiser continuar lendo, clica aqui e vai lá pra Palavraria.

3 comentários:

Daniel Rodrigues Gomes disse...

Caro Reginaldo,

Tentei comentar no site onde o senhor (Senhor ou você?), onde você publicou o artigo, mas está dando problema no meu navegador e não consigo. Espero que não haja problema de comentar aqui.

Bem, concordo contigo em parte. Concordo que, de fato, por aqui, Brasil, se lê pouco, porque não se gosta tanto de lê quanto quem lê, escreve ou vende livros gostaria que se gostasse. Nem acho que isso seja um problema em si mesmo, quer dizer, ler mais ou ler menos não é, por si mesmo, indício de “superioridade” cultural. Podemos imaginar um povo leitor voraz de livros de péssima qualidade, assim como existem bons filmes e programas de TV, alguns bem melhores que certos textos (textos, para não parecer que estou falando apenas de literatura, incluo também livros técnicos, revistas etc aqui). Quer dizer, não acho que a qualidade da produção cultural de um país (ou um grupo qualquer) esteja ligado a forma como o conteúdo é consumido. Mas fujo do ponto.

Agora, falando como leigo no assunto, portanto, correndo o risco de falar bobagem, proporcionalmente, me parece que o livro por nossas bandas sai bem mais caro sim. Usando um dos seus exemplos, A máquina de fazer espanhóis, em Portugal, custa 17 euros, e, aqui, 39 (pegando o maior valor de lá e o menor de cá). Bem, o salário mínimo no aqui no Rio de Janeiro é de, mais ou menos, 600 reais, um livro de 39 custa cerca de 6,5% do orçamento. Já, o salário mínimo em Portugal gira em torno de 500 euros, o que faz com que o mesmo livro represente 3,4% do salário, quase a metade do custo no Brasil.

Não discordo de que a ideia disseminada do livro no Brasil custar muito caro seja mito. Considero mito sim, mas em outros termos. Livro no brasil é caro, porque quase nada por aqui é barato. Não é privilégio da literatura o preço alto. Toda a cadeia de serviços e impostos por aqui é mais cara. As pessoas consomem muitos outros produtos culturais encarecidos, porém, não se criou esse mito (não com tanta força) de que é um absurdo o preço cobrado. Cinema, Shows, instrumentos musicais, para ficar só nesses três exemplos, são todos, proporcionalmente, muito mais caros do que o que se cobra na América do Norte, por exemplo. (ou quem sabe nós é que somos muito mal pagos).

Por fim, repito, brasileiro lê pouco porque, na real, não gostamos tanto de livros assim. Como dizem os americanos, só nos resta “deal with it”.

Daniel Rodrigues Gomes disse...

Há, desculpe, meu nome aí saiu XXXXX (não sei como mudar isso), me chamo Daniel Gomes.

Abraço.

Ah, Quero ser Reginaldo Pujol Filho é muito divertido. Queria também ler o seu Azar do personagem. Na verdade, estava procurando o Azar (por causa da degustação no site da editora), mas só consegui o outro. parece que a Saraiva online não renovará o estoque nunca mais. (eu moro no interior muuuuito na roça, e geralmente eu compro meus livros online, quase sempre na saraiva, bem que você podia ver isso aí de a saraiva renovar o estoque, ein!).

Abraço.

Reginaldo Pujol Filho disse...

Oi, Daniel.
Não costumo comentar comentários, porque tenho medo de me sentir obrigado a comentar sempre, e isso virar umas espécie culpa cada vez que não responder. Mas resolvi quebrar o protocolo.
Legal teu ponto de vista, tem verdade também, mas na minha estatística de boteco (que não tem pretende precisões, longe disso) não trabalhei com salários mínimos, trabalhei com meu poder aquisitivo no Brasil que comprava mais livros do que compra em Portugal. E acho que olhando pela classe média de cada canto, talvez a proporção seja outra, mas isso é puro achismo. A verdade é que desde pequeninho ouço do preço do livro no Brasil e, apesar de não ter viajado tanto assim, ainda não achei o lugar do mundo onde o livro é barato. No Uruguai, por exemplo, pra falar de um país com moeda mais fraca que o Brasil, os livros tavam taco a taco com os nossos. Sei lá. Acho que o mais importante foi tocar na ferida e gerar discussão, falar do assunto, esse é o maior objetivo desse tipo de texto, convidar pra pensar com a gente, não definir verdades, né?

Mas sobre o Azar do Personagem:
1 - Que legal que ele te levou ao Quero Ser e que legal o que tu disse. Brigado.
2 - É possível comprar o livro pela cultura on line também, acho que eles entregam em todo o Brasil. Em todo caso, duas coisas: vou ver com a editora esse papo da Saraiva; e se tu quiser me dar teu e-mail, posso te por em contato com a editora e tu comprar direto deles, mandam por correio pra ti.

Brigado pelo papo.
Abraço.