Falando antiguidades, como diriam os Titãs, não sei o que fazer, não sei o que pensar. Tava lendo um jornal português, quando descobri uma matéria aterradora que mexeu com minhas certezas e incertezas.
Diz assim a abertura do texto:
Um cancro na próstata com extensões ósseas e uma lesão com origem numa distensão foram encontrados nas múmias estudadas em Lisboa
Se alguém ficou em dúvida por causa da palavra cancro, esclareço toda a informação: minhas senhoras, meus senhores, suposto leitor, descobriram que uma múmia (na verdade um múmio) de 2.300 anos faleceu devido a um CÂNCER NA PRÓSTATA. Ainda tem a tal distensão que, óbvio, fez eu me perguntar se já havia sedentarismo na época, mas o mais acachapante foi o cancro, o câncer, bem ali, na próstata do Seu Múmio. Isso nos fazer pensar e querer concluir irresponsavelmente algumas coisas, não?
1 – Liberou geral o consumo de transgênicos? Diga lá, Suposto, já havia no antigo Egito, no supermercado, produtos transgênicos, refris e otras cosas más? Pergunto assim, porque fico pensando se naquela época em que tudo era orgânico, porque ainda não tinha a Bayer, o agrotóxico, os transgênicos, já tinha gente com câncer, será que liberou geral o tomate lipoaspirado e com bronzeamento artificial?
2 – Falando-se em modernidades, e o celular, que um amigo meu diz que não é bom carregar no bolso, muito perto ali das partes do sujeito, porque as radiações podem deixar a gente estéril e até com o famigerado câncer na próstata. Há 2.300 anos, quando o Seu Múmio perdia a hora num boteco a beira do Nilo com o Tutankamon e o Ramsés, por acaso, tocava na pochete dele o celular, com a Dona Múmia perguntando afinal de contas, que horas ele ia voltar pra pirâmide, que ela já estava indo pro sarcófago? Como diria um outro amigo meu, fica a pergunta.
3 – Ou, as pessoas que não gostam de falar sobre o nome das doenças, porque chama e dá azar, podem agora começar a cochichar sobre um tio, um vizinho: ele tá com a doença mais antiga do mundo, coitado. Ou melhor, o Mal da Múmia.
4 – Mas, sobretudo, pergunto-me sobre a relevância desse estudo que não deve ter sido barato (custou pelo menos uma observação da intimidade do Seu Múmio, o que é sempre caro pro observado). Mas sobre o estudo em si: essa descoberta serve de alerta? Visitemos, nós, homens, o proctologista antes de completar 2.300 anos, antes que seja tarde demais? Ou serve pra o movimento de defesa dos homens (existe isso?) embasar cientificamente os seus protestos contra a comunidade médica, alegando que é inadmissível o câncer de próstata estar há mais de 2 milênios entre nós e, nesses 23 séculos, a medicina não conseguiu ainda avançar do sarcástico exame do dedo pra detectar o tal cancro? Há anos e anos e anos (o trocadilho fica por conta do Suposto Leitor), mas há tantos anos, vocês, doutores, poderiam nos livrar do risco de, aos 40 anos, num rompante largar família, certezas e coleção de Playboys porque nos apaixonamos por um médico de dedos firmes e suaves. Poderão reclamar assim os eventuais defensores do masculinismo?
Não sei, não sei o que pensar. É um assunto delicado este. Quando se ultrapassa os 30 anos e começa a contagem regressiva pra primeira consulta com o proctologista – e o laser, o exame de ressonância quântica merecedores do Nobel de medicina e da paz de espíritos parecem cada vez mais distantes – esse tipo de notícia mete o dedo numa ferida ancestral (e bota ancestral nisso) do macho contemporâneo.
Um comentário:
Sendo o Sr. Múmio um humano no Egito antigo, digamos que ele era muito sortudo! Claro! O câncer de próstata geralmente só aparece após os 50 anos, e chegar a essa idade naquela época era muiiiitttoooo difícil :D Muito legal teu blog :D
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