quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Por Causa do Mosquito

Gente amiga, pois volto aqui por um motivo muito semelhante ao que inaugurou esse espaço há quase dois anos. Só que dessa vez não é um elefante que está incomodando muita gente. São os mosquitos.

Antes de qualquer coisa, preciso dizer o seguinte: tenho pavor de mosquito. Durmo com repelente na tomada, ventilador ligado, lençol, mosquiteiro e armadura pra me escapar desses bichinhos que ainda não disseram exatamente a que vieram.


Mas vieram, né?


E vieram tantos que hoje vi na TV uma notícia: pesquisadores americanos e ingleses descobriram um jeito de evitar que mosquitos nos tragam, além de zumbidos, doenças. Sério? Pra valer? Aumentei o volume pra conhecer esse novo repelente, esse campo de força, essa, sei lá, vacina?

Errei, Suposto. Sabe o que é que os sujeitos inventaram? Genes alterados. Aliás, um gene alterado, implantado no mosquito macho que vai fazer um zum-zum gostoso com a mosquita, transmite o gene alterado e daí o que acontece? Nove meses depois (eu sei, Suposto, é bem menos tempo, isso é uma brincadeira), mas nove-meses-de-mosquito depois, nasce um lindo mosquitinho sem asas. Isso, um mosquitinho aleijado, portador de necessidades especiais e não de asas. Pois dizem os doutores, em bom inglês, que assim os bichos vão ter mais dificuldades de voar pra nos picar e também vão ser mais facilmente envenenados.


Mas, jesus, que idéia é essa?


Imagina se esses moços resolvem acabar com a criminalidade? Fácil, um genezinho modificado ali, a turma começa a nascer sem mãos e, pronto, ninguém mais pode assaltar? Isso?


Já que era pra danar com a vida dos bichinhos não era melhor fazer um gene alterado que explodiria a fêmea na hora da fecundação? Ou que desenvolvesse nos mosquitos gosto por suco de beterraba em vez de sangue? Ou educação pra nos atacar acordados e, ainda assim pedindo licença, avisando que vai doer só um pouquinho?


E, antes que achem que eu gosto de mosquito, digo que não estou preocupado só com eles, me preocupo com a natureza como um todo. Os sapos vão enfrentar uma crise de obesidade com tanto mosquito de mão beijada. As aranhas vão ficar preguiçosas e vão parar de fazer teia. As lagartixas vão desaprender a subir nas paredes, porque os mosquitos não vão mais estar lá.


Rapaiz, se tem um troço que a Nena – minha professora de biologia no colégio, Suposto –, o Greenpeace e o WMF me ensinaram é que não se mexe assim na natureza, sem afetar cadeia alimentar, ciclos naturais e sei lá mais o quê.


Agora imagina resolver que um bicho, que há quinquilhões de anos voa, não voa mais? Ah, tá, macaco, não gosta mais de banana, castor vai ser banguela e galinha não põe mais ovo e não muda nada?


O que se diz é que a natureza é sábia e que tudo, tudo aí tá encaixadinho como um castelo de cartas. Tudo tem sua função, até o mosquito teimoso me enchendo o saco de noite. E, aliás, grandes coisas a gente não saber qualé a do mosquito no mundo. A gente não vive perguntando qual é o sentido da nossa vida?

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