Nota introdutória: Suposto Leitor, se tu não leu esse registro aqui do Carlos André Moreira, provavelmente não sabe que, há um mês e meio, quase vinte escritores gaúchos se reuniram pra uma partida de futebol, que marcaria o encerramento da Feira Além da Feira. Pois bem: fui incumbido de (além de jogar na zaga) narrar os muy memoráveis eventos daquela tarde de 15 de novembro de 2013. Como é fim de ano e pouco se falou disso, deixo aqui a crônica da peleja. Boa leitura.
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ATÉ QUE FOI UM JOGO LITERÁRIO*
Com todo respeito às letras gaúchas, a impressão que se
tinha às 17h da sexta-feira, 15 de novembro de 2013, na quadra 5 do Planet
Ball, era de que faltava um bom escritor para contar a história que ali começava.
Um autor capaz de fugir dos clichês de ventos uivantes, trovões, falta de luz e
chuva torrencial para descrever a tensão, o medo ou o terror que pairava sobre
o embate anunciado. Ou talvez estivéssemos diante de um narrador irônico prenunciando
que o primeiro confronto (torcíamos para que o fosse) futebolístico Prosadores
x Poetas, antes mesmo de começar, não poderia ficar pior.
Certo é que as condições climáticas (pela 3ª vez em novembro deve ter chovido em Porto Alegre o dobro
do previsto para o mês) permitiram que se registrasse um recorde de público no
futebol brasileiro: ninguém assistindo. Todos os presentes retiraram-se para
lugares a salvo das chuvas, trovoadas e caneladas que em breve se
intensificariam. E fizeram bem, afinal, todos haviam levado livros para doação
e mais valia salvar as páginas do dilúvio do que gritar Ôoo, o Silvestrim,
voltooou; ou Vamos, vamos, Prosador, eu te quero e te preciso.
Mas o jogo: na falta do apito inicial, tivemos um pontapé
inaugural da peleja – um pouco tímido, é verdade – dado por Gabriela Silva
(organizadora do Feira Além da Feira). Mal a pelota rolou e algumas conclusões
já eram óbvias para o resistente cusco que circundava a quadra, sem medo da
chuva e de uma partida típica de segundona gaúcha. Uma das conclusões, explícita
na velocidade dos primeiros movimentos, era a de que os (quem sabe décadas
atrás) atletas se uniam para escrever juntos a primeira página do Em busca do
tempo perdido gaúcho. Todos procurando na memória alguma lembrança do que fazer
com uma bola de futebol, do que fazer em um campo de futebol.
Porém, aos poucos, porque futebol e literatura são
caixinhas de surpresas, sim, surpresas surgiram pelo sintético e cada vez mais
encharcado relvado. O poeta e meia atacante Diego Grandô principiava a mostrar
que nos dois anos em que viveu na França viu boa quantidade de teipes de Zinedine
Zidane e passou a controlar com a elegância possível as ações ofensivas da
equipe poética. Deixando a subjetividade para as musas e a objetividade para o
campo (numa sábia decisão), Grandô alimentava a perigosa e lírica dupla de
ataque nos primeiros lances ofensivos (não ao público – o cusco, no caso –, mas
à retaguarda da Prosa). Inspirados por Grandô, cresciam em campo o insinuante
(talvez porque trajando saias, numa performance poética ainda não explicada)
Ricardo Kroeff e o baixinho misto de Messi e Romário, mas na verdade Artur
Bebeto Cabeda, filho do escritor, roteirista e goleiro lesionado Eduardo Cabeda.
Um moleque que, aos 10 anos de idade, dizem, já negocia com Barcelona e Randon
House (mas torço ardentemente para que Paulo Sant’Anna leia este registro e
indique hoje o garoto para fardar já no próximo domingo pelo Grêmio). O fato é
que o colorido time dos poetas, movido por seus dois homens e um menino de
frente, começava a fustigar a retaguarda do escrete cinza da prosa e anunciava
aquele que viria a ser o maior duelo da tarde-dilúvio de Porto Alegre: Artur
Bebeto Cabeda versus Carlos Aranha
Moreira.
Por sua vez, os prosadores, como se treinados por
Hemingway, pareciam apostar numa tática iceberg. Estratégia que pode ser a de definir
que o mais importante é o que está por trás do time, ou seja, uma bela retranca
lá atrás. Ou agir de fato como uma rocha de gelo, fria e glacialmente suportando
as estocadas dos poetas, até naufragá-los como se um Titanic, com um só
contra-golpe. O problema, diria Maurício Saraiva ou Nando Gross (quem me dera o
Nelson Rodrigues, mas este é para chuteiras imortais) é que a tática iceberg,
de tanto valorizar o submerso, pode acabar afundando o time. Mas parecia que o
estrategista e organizador de meio campo e festas literárias Fernando Ramos
tinha razão nessa sua aposta de fazer inveja a Renato Portaluppi e Celso Roth,
empilhando 5 zagueiros durante os primeiros momentos da partida. Ramos, inventor
da prancheta secreta (espécie de treino secreto avant garde), assistia do
banco, onde descansava dos extenuantes primeiros 5 minutos em que esteve em
campo, sua defesa exibir-se como uma muralha, lembrando montanhas como
elefantes brancos, brecando o ímpeto dândi dos poetas que, a cada ataque,
deixavam claro que, poetas que são, não possuíam fôlego de romancistas. Assim,
lance a lance, defesa a defesa do crítico, jornalista, escritor e, acima de
tudo, Yashin, Carlos Aranha Moreira, diminuíam sua sanha. Era como se o absinto
de seus gatorades se esgotasse, entregando-os à melancolia e logo à
contemplação dos primeiros arroubos ofensivos dos contadores de histórias. Pois
os Prosadores, até então, pareciam saber que apenas o conto possui
esfericidade. A bola, não. Mas Luis Dill, escritor múltiplo e solitário meia
avançado pela esquerda, demonstrando raro (ainda mais na partida em questão)
domínio de bola, capaz de, vejam só, fazê-la parar junto ao seu pé e depois
prosseguir para o lado desejado por ele mesmo, iniciava as primeiras ações de
ataque do time cinza. E o romancista com lampejos de meia carioca Jeferson
Tenório pareceu ser o primeiro a compreender que, se a literatura é ofício
solitário, meus senhores e senhoras, o futebol não o é. A passos lentos e
decididos, Jeferson passou a avançar junto com Dill, sem temer escorregões,
perdas de controle de bola e eventuais beijos no alambrado.
Eis os escrete dos poetas (se alguém tem foto dos prosadores, me manda) |
E eis que a chuva, aquela do início, era só prenúncio do que
viria. E resolveu de vez dizer quem mandava em campo. Não eram Poetas. Nem Prosadores.
Era ela, a chuva, que aumentou seu volume de jogo muito mais do que os dois
times.
Entretanto, Altair Pavilhão Martins, como tantas vezes na
vida, entendeu isso como uma metáfora. Ao ver o futebol enquanto água, com
chuva na cara, como se chovessem pássaros, decidiu abandonar a defesa e partir
para o ataque como se moesse ferro, disposto a derrubar paredes no escuro. Pra
dentro do olho dentro, Altair, gritaria o torcedor que não estava lá. Crescia a
força de ataque dos Prosadores, que até então se assemelhava a mera ficção. E,
quando parecia que até o vento e a chuva estavam a favor dos poetas, numa lance
mais confuso que fluxo de consciência de iniciante, as redes balançaram pela
primeira vez na história do futebol literário dos pampas. Após jogada de Emir
Turbo Ross pela esquerda, Cabeda Pai esmerou-se para defender o arremate-final-de-efeito,
mas houve rebote e, ele, Luis Dill, de carrinho, espichando-se mais que uma
frase de Saramago, autografou o primeiro tento dessa história. Prosadores 1 x 0
Poetas.
Mas, como num mal conto, com reviravoltas óbvias, ou num
bom jogo para os nervos da torcida (no caso, cusco que balançava suas águas
abrigado embaixo de uma mesa), a superioridade dos contadores de história foi
mais curta que Quando ele acordou o dragão ainda estava lá. Porque, quando o
escritor e arranca-toco Reginaldo Grotto Pujol Filho acordou do êxtase do gol,
Ricardo Kroeff e suas esvoaçantes saias indianas já estava lá. E eis que, de
repente, num drible infantil e inverossímil, já não estava mais lá. Estava dois
passos para o lado, de onde chutou seco como João Cabral de Melo Neto.
Indefensável para o impecável Carlos Aranha Moreira que já havia realizado pelo
menos 4 difíceis defesas, com destaque para um arremate a queima roupa e
impiedoso do enfant terrible Artur Bebeto Cabeda.
O mal e óbvio narrador persistia solto em campo. E
ofereceu aos leitores dessa história mais uma solução óbvia. Os Prosadores
enfezaram-se com a empáfia dos Poetas que voltavam a rimar passes e apostavam
numa estética do estranhamento com o ingresso de um PoET no ataque. Ricardo
Nunes Silvestrin e sua flamante camisa do mengão começava a, como um corvo,
rondar a área dos narradores, verdadeiro centroavante de referência. Mas, como
eu disse, os Prosadores, encheram-se de brios, o sangue esquentou, derreteu o
icebrg da estratégia hemingwayana, e foram-se todos para a frente, adotando um
posicionamento aristotélico, jogando para que todos os meios se ordenem rumo ao
fim desejado: o gol. Foi quando cresceu a figura múltipla de Emir Onisciente
Ross. Da defesa ao ataque, como numa conto de doppelgänger, ele estava em todos
os lugares. E, com ele, inseparável, a bola. Finalista do Açorianos de Criação
Literária, o prosador desprezava este galardão. Seu Nobel era o gol. E tanto
insistiu em avanços em tabelas com Jefferson Parede Tenório ou em jogadas
individuais, que, num bem colocado chute pela direita, venceu Eduardo Cabeda.
Era o prólogo de uma tarde trágica para o arqueiro-poeta.
Porque Emir seguia imparável; Dill via o campo como uma
página em branco para sua criatividade; Cristiano Goiano Baldi, movimentava-se
com descrição e eficiência, numa prosa clássica; da zaga para o ataque e
vice-versa; Altair Pavilhão agigantava-se pela ponta esquerda; Jeferson Tenório
vinha pela direita, e todos confundindo a defesa dos poetas que mais pareciam
mirar as nuvens no céu em busca de versos e imagens, deixando o pobre Cabeda
mais solitário que um poeta romântico. E, antes que o arqueiro-lírico
realizasse um gesto desesperado, o destino tratou de ser definitivo: em uma
arrojada saída de gol, de gigantescos e ousados dois passos para frente, as
bruxas decretaram o fim da participação de Cabeda Pai na partida. Uma lesão na
panturrilha que deve mantê-lo afastado dos gramados entre duas semanas e quatro
encarnações, tirou-o de campo.
Os Poetas perdiam seu goleiro. Mas ganhavam um treinador
incansável, que, mal posicionou-se à beira do relvado, não parou de falar um
instante (é certo que nem sempre sobre futebol, mas isso, como o gol, é um
detalhe). Com a saída de Cabeda, a contratação internacional dos Poetas, o
baiano Davi Lomba Boaventura, até então improvisado como zagueiro, assumiu a
meta dos versos com calma e segurança para desespero da ofensiva narrativa que
enfrentava o drama típico dos escritores: encontrar um bom final. E é como diz
o ditado, quem não termina o conto, leva.
Passados 25 minutos de jogo, percebia-se a inteligência
estratégica dos Poetas, que sabiam que, desde o advento do brasileirão dos
pontos corridos, não basta ter time, é preciso ter elenco. Com mais reservas no
grupo, com mais opções táticas e pulmonares, retomaram seu verso livre pelos
lados do campo apostando na a aurora da infância Artur Bebeto Cabeda, na
insinuância esvoaçante de Kroeff e nos pivôs métricos de Silvestrin. Não
demorou para Grandô, vindo de trás em combinações, metáforas, comparações,
estufar as redes do impecável Carlos Aranha Moreira, que não se permitiu criticar
o enjambement de Grandô. Mas o melhor para os amantes da poesia ainda estava
por vir. Já havia tentado uma, duas, um terceto de vezes. Parecia que no duelo
pessoal de Artur Bebeto e Carlos Aranha, a vitória seria da experiência. Mas
num rebote, o prodígio inspirou as futuras e as antigas gerações. Olhou a bola,
olhou o gol, e, preciso, sem parnasianismos, encaixou seu pé direito na pelota.
Le mot just: gol. Dele, Artur Bebeto Cabeda. Delírio das musas, os poetas
viravam o placar para 3 x 2.
Mas sabemos como são os narradores. Estão sempre
dispostos a uma jornada do herói, e não viam nesse gol, senão um conflito
criado por eles próprios para que eles pudessem solucionar mesmo que com um
Deus Ex-Machina. O que de fato aconteceu. Porque sem óculos, com falta de luz e
chuva, não vi o nosso terceiro gol. Só sei que ele houve. E que, empatado o
jogo, as equipes mudaram de lado.
Parecia ser a grande oportunidade para o time dos Prosadores.
Reanimados pelo empate mágico, empurrados pelos latidos do cusco a beira do
gramado e, agora jogando com a chuva e o vento a favor, era hora de devolver a
virada, brincar de roteirista de filmes do Rock Balboa, e crescer no final para
a consagradora vitória. Todavia, ah, todavia, trata-se de um time aristoteliano
demais este dos Prosadores. Valorizam por demais o trágico, não creem que
finais felizes possam gerar catarses. Mal o segundo tempo começou e o maestro
Grandô já compunha a segunda estrofe dessa sua tarde obra-prima. Mais um tento
para os poetas, 4 x 3.
E, para piorar a narrativa do time da ficção (para não
dizer de mentirinha), o fato é que, desde que a tubercolose deixou o
receituário e o lifestyle poético, o preparo físico dessa gente tem mostrado
assombrosos avanços. Aproveitando a lacuna que se abriu no meio-campo dos ficcionistas,
como se a meia cancha fosse um romance contemporâneo, completamente
fragmentado, os Poetas resolveram mostrar que poesia não vende, mas dá um calor
no adversário. Alugaram o meio campo com Estavam Kamikaze Negreiros movimentado-se
com precisão como um haikai à frente da zaga. Guto Pé de Cabra Leite passou a
dominar os movimentos de Emir Turbo Ross com faltas por vezes violentas e Gustavo
Meio de Rede, o maior poeta vivo do RS, com seus mais de 2 metros de altura,
passou a avançar para o ataque juntando-se aos demais atacantes num quarteto de
métrica perfeita, com passes alexandrinos e avanços decassílabos, fazendo a
redondilha rolar até Artur Bebeto Cabeda, Ricardo Nunes Silvestrin e Ricardo
Laerte Kroeff que passaram desperdiçar chances de gol, mas mesmo assim marcaram
o tento de número 5 para desespero da torcida dos Prosadores. Foi neste momento
da partida que o cusco assistiu ao mais belo lance da história do futebol
literário, indescritível por qualquer
poeta, mas tentaremos contá-lo: em um lindo e milimétrico cruzamento da direita,
a bola cruzou toda a área do time da ficção até encontrar na esquerda o pequeno
gigante, o Guliver da poesia, ele, Artur Bebeto Cabeda, que num voleio épico
fez jus ao apelido que o consagrou, pegou em cheio na pelota, transformou por
instantes o Planet Ball em Maracanã; mas do outro lado, senhoras e senhores,
igualmente fazendo jus ao apelido que o consagrou, Carlos Aranha Moreira, como
se tivesse oito, dez, mil braços, impediu o avanço do petardo, mas permitiu que
a beleza estivesse presente até o fim desta pintura presenciada apenas pelos
jogadores e pelo abnegado cusco que teve que engolir o uivo de gol.
Foi inspiradora a defesa do Aranha Moreira. Tirando
forças sabe-se lá de onde, os Prosadores estufaram o peito e, como maus
críticos literários, passaram a atacar os Poetas de todas as formas. Numa
estratégia pós-moderna, todos viraram pastiches, paródias, de atacantes e
avançavam pelos lados, pelo meio, despreocupados da defesa, até porque sabiam
que Aranha estava lá para o que desse e viesse. E, se acabáramos de ter o lance
mais lindo da partida, logo em seguida foi o momento da literatura fantástica
entrar em campo. Após o 38º arremate a gol em menos de 5 minutos de blitz sobre
a defesa lírica, os poetas mostraram ao mundo a vantagem de se ter um goleiro
baiano sob as traves e a proteção de todos os santos. Davi Lomba Boaventura que
já vinha defendendo tudo e mais um pouco, deitado no campo, caído após não
conseguir desviar a trajetória de um tiro a queima roupa de Altair Martins ,viu
a bola bater na trave, ser novamente chutada na trave e voltar, como um poodle
bem mandado, direto para seus braços. Só a literatura fantástica e a Bahia
explicam essas coisas.
E foi nesse embalo que a metafísica entrou em campo de
vez. Os Prosadores seguiam apostando num recurso poético, a repetição, para
diminuir a diferença. Atacavam e atacavam e atacavam. E em uma bola cruzada à
meia altura para a área, Estevam Kamikaze, num momento pessoano, confundiu suas
identidades, achou que o escritor usava os pés e o futebolista, as mãos: não
hesitou em dar um mãozaço na bola. E até o mais ingênuo dos poetas sabe que mão
na bola dentro da área não é nenhuma metáfora, amigos. É pênalti. Que o
Onisciente Ross, só poderia ser ele, converteu sem maiores dificuldades. 5 x 4
e a esperança de empate não parecia ser matéria ficcional.
Mas era.
Porque poucos instantes após a penalidade máxima, num
lance aparentemente simples, Carlos Aranha Moreira mostrou saber que as
biografias (autorizadas ou não) dos grandes guarda-metas exigem uma grande
tragédia entre suas páginas. E, feito um confeiteiro generoso, ao sair jogando
com os pés, entregou um açucarado merengue nos pés de Kroeff, que, ingrato,
impiedoso e de barriga cheia, estufou as teias da cidadela do Aranha. 6 x 4 e a
tragédia se mostrava consumada.
Entretanto, os ficcionistas lembraram que literatura,
antes de tudo, é uma utopia e se entregaram com todas (não que fossem muitas)
as forças ao desejo da vitória, mesmo que faltando parcos minutos para o fim do
embate. Parecendo minicontistas, pareciam crer que 4 linhas eram espaço
suficiente para escrever ruma epopeia pós-moderna. Porém, ver o zagueiro pós-graduado
em tosquice com ênfase em grossura Reginaldo Grotto Pujol Filho arriscar
dribles e chutes e até marcar um gol de rebote, demonstrava que estavam
apelando para o inverossímil, haviam aberto mão dos preceitos aristotélicos, esse
crime não seria sem castigo. E não foi. Com a estrela do jogo, Artur Bebeto Cabeda,
arriscando mais um drible na ponta esquerda, a sirene tocou. A partida estava
terminada. Poetas 6 x 5 Prosadores. Era o fim da várzea. Ficava o prazer de
poder dizer que, enfim, a poesia venceu.
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*Declaração de Artur Bebeto
Cabeda ao fim do jogo.