Mas essa internet pode ser bem dramática para nós que, não
sei se o teu caso Suposto, frequentamos a confraria global dos paranoicos,
neuróticos e/ou obsessivos.
Explico-me.
Estou sem acesso ao meu e-mail do Hotmail porque a zelosa
Microsoft resolveu que “parece que alguém mais está usando o seu (o meu)
e-mail”. Ah, parece, é? Pois bem, deem um jeito nisso e agora dá licença que eu
tenho que trabalhar, foi o que eu pensei. Mas o quê, as coisas não são tão
simples assim. A sempre alerta Microsoft acha que tem mais alguém usando o meu e-mail e não
tem certeza de que eu sou eu. Assim como eu não tenho certeza de que ela seja
ela; ela é só uma mensagem que aparece na tela do meu computador, não é uma pessoa pra quem eu possa reclamar, não tem um telefone preu ligar, é luz e dados. E todo o poder do mundo de me deixar incomunicável. Pois essa crise de identidade chega a dar saudade de
um bom burocrata de carne e osso e carimbo me pedindo documentos e assinaturas
reconhecidas em cartório, olhando a minha foto, olhando a minha cara e dizendo
“é, sim, o senhor é o senhor”, "é, de fato essa assinatura é igual a anterior". Ah, as maravilhas analógicas. Por que me diz,
como é que a precavida Microsoft saberá que eu sou eu e não o outro que acessa
meus e-mails (que sujeito sem nada pra fazer, não tem nada de interessante
lá)? É a aí que começa a paranoia, a neura e a obsessão: a muy cuidadosa,
quase maternal, Microsoft me pede uma série de dados para confirmar que eu sou
eu (como queria poder mostrar minha identidade, contar que joguei com o Ronaldinho Gaúcho quando era criança, que não gosto de pizza com fruta) numa criteriosa análise que vai
levar até 72 horas (3 dias com alguém duvidando que eu sou eu). Mas eis os
dados solicitados pelo superprotetora Microsoft: nome completo, ok; data de nascimento, feito; estado de nascença, mas
bah; Título dos últimos e-mails enviados, lógico que, o quê? Sim senhor, Suposto,
a perfeccionista Microsoft , na intenção de confirmar que eu sou eu quer que eu
informe o maior número de dados pra terem certeza de que posso acessar minha
caixa sem fins obscuros. Mas, rapaz, taí a maior prova de que esses caras não
têm a menor condição de comprovar minha identidade: eles não me conhecem. Se
conhecessem, saberiam que eu jamais lembrei do título do e-mail que eu
mandei há cinco minutos. Mas essa opção não existe, não dá pra responder isso, que seria a maior comprovação de que eu sou eu.
Só existe o boxezinho ali pra eu digitar títulos de mensagens cujos nomes não lembro
e outras perguntas tão estapafúrdias quanto essas. E quebrando a cabeça pra
saber se eu tinha escrito Olá ou Oi, Contato ou Opa, Feliz Aniversário ou Parabéns, fui começando a ficar
agoniado, pensando que daqui pra frente terei que manter uma agenda de papel
aqui do meu lado. Nela, vou registrar o título de cada e-mail enviado. E também
o endereço de e-mail de cada pessoa com quem fiz contato (sim, a Microsoft também pede que dê essa informação, como se ela não me oferecesse um catálogo de endereços preu poder não lembrar disso), assim como vou apontar
o nome de cada pasta que eu criar - outro dado ques eles
julgam que todo mundo não esquece. Pelo amor de deus, não lembro da frase que eu
escrevi ali em cima. Mas o problema é que, se antes bastava uma perguntinha de
segurança, e agora já me pedem essa memória maior que o um paquidérmico HD, fico com medo do
que virá no futuro. E, na na boa, acho que na minha agendinha já vou
transcrever todos os e-mails que eu vier a redigir, pra eventualidade de ocorrer a
questão “Relate os temas abordados nas suas mensagens recentes” e vou registrar
também o número de replies e forwards e e-mails deletados por dia, a minha
pulsação a cada envio que fizer (70 bpm agora) e vou ligar a web cam pra ter
a segurança de saber quantos sorrisos eu dei, quantas bocejadas e quantos tatus
eu tirei em cada momento em que estive com o Hotmail.
Mas agora dá licença que eu vou transcrever esse
post pro caso do Blogspot também duvidar da minha pessoa.
P.S: fui no banheiro e voltei antes de publicar esse texto (vai que perguntam).
P.S2: Microsoft, por que tu quer saber os 4 números iniciais do meu cartão pra confirmar minha identidade? Será que tu é tu?
2 comentários:
Peço que tu não se sintas só. Acredito que a pessoa que esteja utilizando seu email e que a "zelosa" microsoft, mesmo percebendo que são assuntos pertinentes a tu, e pior mesmo que seja assuntos coladados da própria web ou textos do word, enviados para tu mesmo, ela desconfia que tu esteja fraudando tu mesmo.Acho que este seja um tipo de "serial'mail" ou tarado por email dos outros, o pior que também tenho dificuldades em lembrar os 5 últimos endereços de email cujos tenho utilizados por último, tudo por causa da praticidade de apenas apertar a primeira letra e já aparecer o email, tomo pra cabeça, pois já vi que não posso ser preguiçosa, tenho mesmo que memorizar todos. Peço desculpas por não lhe enviar um email, pois está bloqueado. Acho que parecido com aquilo que o Collor fez, bloqueou as Contas Poupança,pro próprio bem do usuario.
Faz 24h que fui pega de surpresa com o mesmo problema. Minha vida profissional está toda no email. Preenchi o formulário e estou aguardando resposta. Gostei do texto, vou compartilhá-lo. Abraço.
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