Tem um fenômeno que acontece aqui em Porto Alegre nas eleições. Não sei como é no resto do mundo. E não é a já folclórica polarização política dos gaúchos, ou eles são chimangos ou maragatos; ou esquerda ou direita; ou síndico ou não síndico. Nada disso. Até porque nesse ano a eleição tava espraiada.
O que me chama atenção mesmo é o que acontece com o jornalismo esportivo gaúcho a cada domingo que decide o futuro da sua cidade, do seu estado e do seu país. Não sei se porque não tem rodada nesse dia, se porque eleição tem bandeira, se porque eleição tem vencedor e derrotado, se porque eleição pode ser uma urninha de surpresas, mas o fato é que no domingo do pleito, todos os jornalistas esportivos trocam a camisa pólo pelo terno. Esquecem o esquema tático e vão comentar a margem de erro. Sério, do locutor ao repórter de campo, estão todos nas bancadas de TV e nas rádios, falando de política como quem discute a escalação do Ronaldinho na seleção. E o engraçado é que todos viram especialistas, comentaristas. O repórter não vira repórter e vai cobrir os comitês. E o locutor, bem, imagina o fôlego pra narrar a eleição inteira: São três e quarenta e sete minutos do primeiro turno da eleição. Lá vem mais um eleitor exercer o direito do voto. Atenção, entrou na cabine, titubeou, fez uma paradinha, apertou, apertou de novo, mais um botão, olha lá que voto, lá vai ele e votoool! Mas que votaço! E lá vem mais um eleitor, haja coração!
Bom, mas o fato de não dar pra narrar uma eleição não justifica o porquê do locutor ter que virar um Elio Gaspari. Ok, vivemos numa democracia, eu sei que o Suposto vai me dizer isso. Eu sei, Suposto, que bom que todo mundo pode se manifestar, inclusive os jornalistas esportivos. Mas é que acho esquisito. Os caras passam o ano inteiro falando do Grêmio e do Inter. Aí, dum dia pro outro, pá: em vez de dizer que o Vasco vai cair, começam a especular quem vai pro segundo turno como se pensassem nisso todos os dias. Como se fosse só apertar um botãozinho. Será que os jornalistas são andróides? É só modular o assunto? Se a gente realmente tivesse chance no Oscar, se o cinema fosse um esporte nacional, o Galvão ia transmitir direeeeeto do Kodak Theatre em Los Angeles e o José Wilker perderia o emprego pro Falcão? Será?
Não sei. Por sorte não terminei a faculdade de jornalismo. Não cheguei no semestre em que instalam essa placa de andróide nos futuros jornalistas. Vai ver é por isso que o máximo que eu consigo comentar das eleições é da mutação que acontece na crônica esportiva.
O que me chama atenção mesmo é o que acontece com o jornalismo esportivo gaúcho a cada domingo que decide o futuro da sua cidade, do seu estado e do seu país. Não sei se porque não tem rodada nesse dia, se porque eleição tem bandeira, se porque eleição tem vencedor e derrotado, se porque eleição pode ser uma urninha de surpresas, mas o fato é que no domingo do pleito, todos os jornalistas esportivos trocam a camisa pólo pelo terno. Esquecem o esquema tático e vão comentar a margem de erro. Sério, do locutor ao repórter de campo, estão todos nas bancadas de TV e nas rádios, falando de política como quem discute a escalação do Ronaldinho na seleção. E o engraçado é que todos viram especialistas, comentaristas. O repórter não vira repórter e vai cobrir os comitês. E o locutor, bem, imagina o fôlego pra narrar a eleição inteira: São três e quarenta e sete minutos do primeiro turno da eleição. Lá vem mais um eleitor exercer o direito do voto. Atenção, entrou na cabine, titubeou, fez uma paradinha, apertou, apertou de novo, mais um botão, olha lá que voto, lá vai ele e votoool! Mas que votaço! E lá vem mais um eleitor, haja coração!
Bom, mas o fato de não dar pra narrar uma eleição não justifica o porquê do locutor ter que virar um Elio Gaspari. Ok, vivemos numa democracia, eu sei que o Suposto vai me dizer isso. Eu sei, Suposto, que bom que todo mundo pode se manifestar, inclusive os jornalistas esportivos. Mas é que acho esquisito. Os caras passam o ano inteiro falando do Grêmio e do Inter. Aí, dum dia pro outro, pá: em vez de dizer que o Vasco vai cair, começam a especular quem vai pro segundo turno como se pensassem nisso todos os dias. Como se fosse só apertar um botãozinho. Será que os jornalistas são andróides? É só modular o assunto? Se a gente realmente tivesse chance no Oscar, se o cinema fosse um esporte nacional, o Galvão ia transmitir direeeeeto do Kodak Theatre em Los Angeles e o José Wilker perderia o emprego pro Falcão? Será?
Não sei. Por sorte não terminei a faculdade de jornalismo. Não cheguei no semestre em que instalam essa placa de andróide nos futuros jornalistas. Vai ver é por isso que o máximo que eu consigo comentar das eleições é da mutação que acontece na crônica esportiva.
Um comentário:
Fazendo uma retrospectiva do ano, o que tu achou dos jornalistas que viraram especialistas em travestis, no caso Ronaldo Fenômeno???
Imagina se não fecha aquele motel ao lado do Beira-Rio! O Cara ia querer emplacar, rapaiz!
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